domingo, 6 de junho de 2010

APRENDIZAGEM MOTORA - FATORES QUE INFLUENCIAM

A aprendizagem motora tem basicamente dois objetivos a investigar, que são eles: as alterações cognitivas que ocorrem em decorrência da prática, ou seja, como as pessoas partem de um estado que não dominam uma habilidade e, após um período de prática, passam a executá-la com grande proficiência. Segundo, quais os fatores que afetam a aquisição dessas habilidades.

Fatores que influenciam na aprendizagem motora.
Na Educação física, a aprendizagem é entendida como as mudanças que ocorrem na aquisição de habilidades motoras com a prática e o feedback (NEWELL, 1974).

Se a aprendizagem ocorre devido a prática, ela depende de atos voluntários, que não envolve movimentos realizados sem ter o objetivo, ou seja, ações que tem como principal característica o objetivo podem ser aprendidos.

O processo de aprendizagem é importante caracterizar os praticantes desde o momento que vai iniciar a pratica até o momento que já consegue dominá-la. Na fase inicial se aceita que o praticante encontra-se no estágio cognitivo, e ele precisa prestar atenção em cada parte da ação, em seguida o aprendiz entra no estágio associativo, onde começa apresentar certa consciência, mas ainda é muito impreciso, começa a ser formado um programa para aquela ação, por ultimo o aprendiz já domina a habilidade praticada, ele sabe o que ocorreu e já não depende mais do feedback extrínseco, usando basicamente o feedback intrínseco. Esse estágio é denominado autônomo. (FITTS & POSNER, 1967; ADAMS, 1971).

Existem algumas teorias que buscam explicar este processo de mudanças, que quando os alunos não tem o domínio de uma habilidade, para quando passam a dominá-la. Uma delas e a Teoria de Circuito Fechado ( ADAMS, 1971 ), uma teoria com ênfase no feedback. O autor propôs dois estados de memória denominados traços, sendo um o de memória e o outro o perceptivo.

O segundo é responsável pela comparação entre o que foi planejado e a ação executada.

Para que uma ação seja executada, é necessário haver tempo suficiente para o processamento do feedback do primeiro movimento, e então serem feitas as correções e ajustes para o movimento seguinte.

SCHIMIDT (1970) elaborou o esquema de programa motor. Essa teoria propõe um programa motor generalizado de uma ação, mas de uma classe de ações, o que resolve o problema de armazenamento, contendo aspectos que não mudam durante varias execuções ( seqüenciamento, força e tempo relativo ).

O feedback é uma informação disponível para o executante durante ou após a execução. O feedback pode ser intrínseco ou extrínseco. O intrínseco é aquela informação sensorial disponível ao executante durante ou após a execução, que depende de haver tempo suficiente para a sua utilização. O extrínseco é a informação fornecida por uma fonte externa ( professor, vídeo ) que o aluno pode utilizar para uma próxima execução. O feedback é uma informação primordial para a aprendizagem, pois ela serve para diminuir a diferença entre o planejado e o executado. Sem essa informação não há aprendizagem.

O feedback pode ter diferentes denominações, tais como conhecimento de resultados ( CR ) ou ainda conhecimento de performance ( CP ). O CR é uma informação sobre o resultado da ação, redundante com o feedback intrínseco, muito utilizado durante as pesquisas pela sua facilidade de controle. Já o CP é uma informação sobre a cinemática da ação, que não é diferente do feedback intrínseco, e é comumente utilizado na aprendizagem de habilidades motoras complexas ( SCHMIDT, 1991 ).

Existem diferentes formas de organizar a pratica, como a pratica pelo todo e pelas partes, a maciça e a distribuída, a constante e variada, e por ultimo a por blocos e randômica ( MAGILL, 1993 ).

Destaquei algumas abaixo.

(a) prática em blocos – consiste na prática de blocos de tentativas em cada uma das variações da tarefa motora; todas as tentativas de uma variação são completadas antes do indivíduo iniciar a prática, na próxima variação; a prática em blocos é típica de exercícios nos quais uma variação é repetida diversas vezes; por exemplo, representando cada variação da tarefa por uma letra, teríamos: X, X, X, X, X, Y, Y, Y, Y, Y, Z, Z, Z, Z, Z;

(b) prática aleatória (randômica) - neste tipo de prática a ordem em que as variações da tarefa motora são apresentadas é aleatória; portanto, há uma constante mudança de variação, de maneira que as variações são intercaladas durante o período de prática; o executante não pode prever qual variação será realizada na próxima tentativa; por exemplo: X, Z, Y, Z, Y, Z, X, Z, Y, Z, X, Z, Y, Z, Y ;

(c) prática seriada - prática em que a ordem das variações da tarefa motora é preestabelecida, mas em séries sem repetição; por exemplo: X, Y, Z, X, Y, Z, X, Y, Z, X, Y, Z, X, Y, Z. sido definidos na Teoria de Esquema Motor, o que torna difícil distinguir quando uma tarefa pertence ou não à mesma classe de movimentos.
Organização espacial.

A noção do espaço, é ao mesmo tempo concreta e abstrata, finita e infinita.

Na vida cotidiana utilizamos constantemente os dados sensoriais e perceptivos relativos ao espaço que nos rodeia. Estes dados sensoriais contêm as informações sobre as relações entre os objetos que ocupam o espaço, porém, é nossa atividade perceptiva baseada sobre a experiência do aprendizado a que lhe dá um significado (ROSA NETO, 1996).

Todas as modalidades sensoriais participam pouco ou muito na percepção espacial: a visão; a audição; o tato; a propriocepção; e o olfato. A orientação espacial designa nossa habilidade para avaliar com precisão a relação física entre nosso corpo e o meio ambiente, e a tratar as modificações no curso de nossos deslocamentos (OLIVEIRA, 2001).

A percepção relativa à posição do corpo no espaço e de movimento tem como origem estes diferentes receptores com seus limites funcionais, enquanto que a orientação espacial dos objetos ou dos elementos do meio, necessita mais da visão e audição. Está praticamente estabelecido que da interação e da integração destas informações internas e externas provem nossa organização espacial (OLIVEIRA, 2001).

Organização temporal.

Percebemos o transcurso do tempo a partir das mudanças que se produzem durante um período estabelecido e da sua sucessão que transforma progressivamente o futuro em presente e depois em passado. O tempo é antes de tudo memória, à medida que leio, o tempo passa. Assim aparecem os dois grandes componentes da organização temporal, a ordem e a duração, que o ritmo reúne, o primeiro define a sucessão que existe entre os acontecimentos que se produzem, uns a continuação de outros, numa ordem física irreversível; a segunda permite a variação do intervalo que separa os dois pontos, o princípio e o fim de um acontecimento. Esta medida possui diferentes unidades cronométricas como o dia e suas divisões, horas, minutos e segundos. A ordem ou distribuição cronológica das mudanças ou acontecimentos sucessivos representa o aspecto qualitativo do tempo e a duração seu aspecto quantitativo (ROSA NETO, 1996).

Os aspectos relacionados à percepção do tempo, evolucionam e amadurecem com a idade. No tempo psicológico organizamos a ordem dos acontecimentos e estimamos sua duração, construindo assim nosso próprio tempo visão (RIGAL, 1988).

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