Poderíamos dizer que a dança, enquanto um processo educacional, não se resume simplesmente em aquisição de habilidades, mas sim, poderá estar contribuindo para o aprimoramento das habilidades básicas, dos padrões fundamentais do movimento.
Segundo ( Gallahue & Ozmun, 2003 ), as crianças da primeira infância, ou seja, de 2 à 6 anos, apresentam as habilidades percepto-motoras em pleno desenvolvimento, mas ainda confundem direção, esquema corporal, temporal e espacial.
Para ( PEREIRA , 2002 ), o esquema corporal, é quando a criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam, em função de sua pessoa. Sua personalidade se desenvolverá a uma progressiva tomada de consciência e seu corpo, de seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta. Ela se sentirá bem na medida em que seu corpo lhe obedece, em que o conhece bem, em que o utiliza não só para movimentar-se, mas também agir.
Para ( RIGAL, 1988 ), a organização temporal inclui uma dimensão convencional ( sistema cultural de referências, horas, dias, semanas, meses e anos ) e um aspecto de vivência, que aparece antes ( percepção e memória ). A consciência do tempo se estrutura sobre as mudanças percebidas, independentemente de ser sucessão ou duração, sua retenção depende da memória e da codificação da informação contida nos acontecimentos. Os aspectos relacionados à percepção do tempo, amadurecem com a idade. No tempo psicológico organizamos a ordem dos acontecimentos e estimamos sua duração, construindo assim nosso próprio tempo.
Para ( ROSA NETO, 1996 ), a noção do espaço é ao mesmo tempo concreta e abstrata, finita e infinita. Na vida cotidiana utilizamos constantemente os dados sensoriais e perceptivos relativos ao espaço que nos rodeia. Estes dados sensoriais contêm as informações sobre as relações entre os objetos que ocupam o espaço, porém, é nossa atividade perceptiva baseada sobre a experiência do aprendizado a que lhe dá um significado da organização espacial.
Gallahue (1989), Gallahue & Ozmun (2001), mostram que, na pré-escola, a criança de 4 a 6 anos de idade abrange a fase dos movimentos fundamentais, com o surgimento de múltiplas formas ( correr, saltar, arremessar, receber, quicar e chutar ) e suas combinações. As mudanças observadas nos estágios serão estabelecidas em forma de um refinamento das habilidades básicas e, melhor eficiência em sua combinação, o que irá marcar a passagem para a fase seguinte (segunda infância), a dos movimentos relacionados ao desporto, ou especializados. Nesta fase, os movimentos fundamentais vão servir de base para as combinações em habilidades desportivas.
Gallahue (1989) divide a fase dos movimentos fundamentais em três estágios. Estágio inicial: representa a primeira meta orientada da criança na tentativa de executar um padrão de movimento fundamental. Estágio elementar: envolve maior controle e melhor coordenação rítmica dos movimentos fundamentais. Estágio maduro: é caracterizado como mecanicamente eficiente, coordenação, e de execução controlada Tipicamente as crianças tem potencial de desenvolvimento para estar no estágio maduro perto do 5 ou 6 anos, na maioria das habilidades fundamentais.
Porém,apenas por volta de um ano de idade conhecido como estágio pré-controle, as crianças começam a ter a precisão e controle maiores sobre seus movimentos. O rápido desenvolvimento dos processos cognitivos superiores e dos processos motores encoraja rápidos ganhos nas habilidades motoras rudimentares nesse estágio. No estágio de pré-controle, as crianças aprendem a obter e a manter seu equilíbrio, a manipular objetos e a locomover-se pelo ambiente.
Segundo ( VERDERI, 1998 ),através das atividades de dança, pretendemos que a criança evolua quanto ao domínio de seu corpo, desenvolvendo e aprimorando suas possibilidades de movimentação, descobrindo novas formas, superação de suas limitações e condições para enfrentar novos desafios quanto aos aspectos motores, sociais, afetivos e cognitivos.
Por meio da dança, brincadeiras e outras atividades, poderemos identificar nos alunos os diferentes tipos de ritmos, tais como: lento, moderado, acelerado, por exemplo, na música, o ritmo é determinado pela melodia, podendo ser lento, moderado ou acelerado ( VERDERI, 1998); coletivo ou grupal “há sincronia”, individual “cada um tem o seu”, disciplinado “movimento pré-estabelecido”, mecânico “movimentos repetitivos”, espontâneo “não há ordem”, refletido “através de mensagens” ( PICOLLO, 1992 ), e o natural “ritmos biológicos”, segundo ( ARRIBAS, 2002 ), o ritmo natural esta na base da nossa vida fisiológica, como a respiração, a batida do coração e etc. O ritmo é uma qualidade fundamental existente em todo ser humano, porém de uma forma diferenciada, pois cada indivíduo possui uma característica de ritmo e uma maneira própria de manifestá-lo ( ARRIBAS, 2002, P.168 ). Assim, pode-se falar que cada ser humano possui seu ritmo próprio, que se manifesta de acordo com a sua percepção pessoal.
Definido o objetivo, o individuo procura a melhor maneira de alcançá-lo, para isso necessita processar informações do meio ambiente externo e do próprio corpo (proprioceptivas), selecionar um plano motor que atenda apropriadamente às demandas do momento e executar o movimento. Durante a execução, recebe informações, principalmente sinestésicas, sobre como o movimento esta sendo executado e, após a execução, recebe informações, basicamente visuais, sobre o resultado do movimento, ou seja, se o movimento executado alcançou ou não o objetivo desejado. Denominam-se estas informações feedback.
Para ( Piaget, 1952 ) aprendizagem motora destaca a participação dos aspectos cognitivos em qualquer ação motora, no sentido de que o desenvolvimento da cognição possibilita uma melhor programação e controle dos movimentos, estabelece-se um circulo evolutivo, onde o movimento desenvolve a sensação, a sensação a percepção, a percepção a cognição, a cognição o movimento, o movimento a sensação, repetindo-se assim todo o processo que evolui de uma forma contínua.
Em resumo, os movimentos são de fundamental importância para a vida do ser humano em seus diferentes aspectos.
Referências
• FERNANDES, Melo Marcelo. http://www.efdesportes.com/efd135/danca-escolar-no-processo-ensino-aprendizagem.htm
• VERDERI, É. B.L.P. Dança na escola. Rio de Janeiro: Sprint, 1998.
• BORGES, S. Thaís. http://www.efdesportes.com/efd123/educao-fisica-infantil-e-desenvolvimento-do-ritmo-motor-na-infancia
• PAIM, C.C.Maria. http://www.efdesportes.com/efd58/5anos.htm
• ANDRADE, Alexandro. http://www.efdesportes.com/efd78/motor.htm
• GALLAHUE, D.L; OZMUN, J.C. Compreendendo o Desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Pauo: Phorte, 2002.
• GO TANI. Educação Física Escolar: fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo, 1988.
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